Criação de gatos exige dedicação e controle de crias

18/12/2011 16:28

Os gatos gostam de interagir com o dono e retribuir carinho, desde que tratados com respeito e atenção

Fortaleza. Ao contrário do que muitos pensam, os gatos não são seres egoistas e interesseiros, amigos somente da casa e alheio ao dono. Para quem se dá ao prazer de conviver com um deles, descobre um bichinho altamente sensível, carinhoso e amigo. Sua capacidade de interação com o ser humano é diretamente proporcional à atenção que recebe de seu proprietário. Há quem o considere como "um cachorro que não faz barulho". Porém, diferenças à parte entre caninos e felinos, o certo é que o dia a dia com os bichanos é de troca de afetividades, próprias de um animal de estimação. Mas há aqueles que superam, em muito, esta classificação. Chegam a surpreender os olhos humanos tamanha é a beleza. São os gatos originários de melhoramento genético para aperfeiçoamento dos padrões das raças felinas, dignos de premiações em exposição. No Ceará, há criadores de destaque nesta categoria.

A médica veterinária Ticiana Franco Pereira da Silva, especialista, mestre e doutora em felinos, atualmente cursando o pós-doutorado na Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (Favet-Uece), considera que ainda há muito preconceito contra os gatos. Porém, afirma que o comportamento felino dependerá de como ele será criado. Uma combinação adequada entre ambiente, alimentação e cuidados básicos com a saúde, com certeza, vai garantir um animal feliz e um dono mais feliz ainda. Ela diz ser preciso entender a natureza dos felinos. São animais que precisam de espaço, mas convivem bem em apartamentos pequenos desde que encontre uma organização espacial adequada às suas necessidades, tais como caixas para defecar e urinar com areia própria para os resíduos, ração de qualidade e vasilhas com água limpa distribuídas em pontos estratégicos da casa.

Além disso, ela destaca que um gato feliz mora numa casa com enriquecimento ambiental, ou seja, objetos que estimulam movimentos próprios da espécie tais como bolas, troncos cobertos com cordas, armários altos, papelões. O felino obedece a um "ritual de passagem" como estratégia de demarcar território, seja macho ou fêmea. Escolhe locais na casa para, ao passar, arranhar. Se não houver arranhadores próprios, vai fazer o gesto em sofás, cadeiras e desagradar muito o dono.

Atenção a objetos pequenos ou que possam soltar linhas ou fios. O gato pode engoli-los e o objeto estranho vir a necrosar no organismo, só sendo retirado com cirurgia. Outro cuidado importante: apartamentos devem ter telas ou redes de proteção. Alguns felinos passam pela Síndrome do Gato Paraquedista, sofrendo traumatismos por quedas de alturas muito elevadas. A médica veterinária faz outro alerta importante: o controle populacional desses animais. A fêmea entra no cio a cada 21 dias, podendo chegar a até a cada 18 dias. Muita luminosidade, seja natural ou artificial, favorece o período. A ovulação acontece, geralmente, após a cobertura pelo macho. Ticiana recomenda manter a reprodução somente de felinos raça pura, para uma criação responsável dos filhotes. Do contrário, a castração é a medida mais correta.

FIQUE POR DENTRO 
Cuidados básicos com os bichanos


Vacinação e vermifugação são cuidados básicos para um felino saudável. Segundo a médica veterinária Ticiana Franco, da Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (Favet-Uece), os filhotes, após 15 dias do nascimento, já podem ser vermifugados, com repetição da dose depois de 15 dias. A mamãe gata também precisa ser protegida dos parasitas 15 dias antes do parto. A vermifugação pode acontecer no mínimo duas vezes por ano nos gatos até um ano e meio de vida. Nos adultos, duas vezes por ano. Já a vacinação no filhote inicia com a primeira dose a partir dos 60 dias de nascidos, e repetição de mais duas, a cada 21 dias. O reforço anual deve prosseguir.Uma boa nutrição também favorece o equilíbrio físico e emocional do felino. O mercado oferece opções variadas de rações, conforme a faixa etária e até com fins terapêuticos específicos.

MAIS INFORMAÇÕES 
Médica veterinária Ticiana Franco, Favet-Uece, (85) 3101.9852
Danilo Souto, (85) 8759.9644
Júlio César, (85) 9630.1600


PERSA SILVER 

Melhoramento genético 

Fortaleza.
 O teatrólogo Danilo Souto Pinho, também professor do Curso Superior de Teatro do Instituto Federal de Ensino Tecnológico (Ifet), é categórico: "Não quero quantidade, quero qualidade". E é qualidade extremada que vem conseguindo na criação de seis gatos Persas prateados, variação da raça também conhecida como Silver.

Os gatos têm olhos verdes e pelos brancos com as pontas pretas, o que dá um efeito de pelagem prateada. São originários de cruzamentos para melhoramento genético a cada ninhada. Danilo cria os bichanos há quatro anos e vem obtendo felinos de excelente linhagem, num trabalho de aperfeiçoamento não observado em outros criatórios mais antigos. Um dos felinos tem os olhos "blue green", uma raridade no País. Além dele, somente outro gato em São Paulo tem a mesma característica. Danilo destaca que seu trabalho tem apoio do Clube dos Criadores de Gato do Ceará, presidido por Bosco Martins. Explica que o melhoramento genético tem como meta originar animais fortes, saudáveis e com as características da raça Persa Silver cada vez mais definidas.

MASTER CAT
"Maine Coon" é o felino gigante


Fortaleza. Ele tem vontade de criar felinos selvagens como leão, leopardo e onça. Como não pode ter um deles em sua residência no Bairro de Fátima, em Fortaleza, procurou na internet o maior gato doméstico do mundo e encontrou o Maine Coon, que, quando adulto, chega a pesar 12 quilos, o equivalente a um cão de pequeno a médio porte. Ele é o empresário Júlio César Nogueira Brito, que há três anos cria 16 gatos da raça Maine Coon, entre machos, fêmeas filhotes e adultos.

No seu criatório tem dois machos com título de campeões em exposição de felinos. São o Aigho, o primeiro do plantel originário de um grande gatil de Pernambuco; e o seu filho Shankar, um Maine Coon de pelagem "Red" de rara beleza.

Júlio César destaca que uma das características dessa raça é a capacidade de interação com as pessoas.

"São animais extremamente dóceis e interativos, perfeitos para companhia. Eles se apegam muito ao dono e não oferecem nenhum risco para as crianças", garante ele.

Valéria Feitosa
Editora do Regional